No início da pandemia, alguns antiparasitários foram testados como potenciais tratamentos para a covid-19, por ter ação antiviral in vitro. No contexto, alguns se destacaram por serem usados muitas vezes de forma off-label. Foi o caso do antiparasitário ivermectina.
Alguns estudos in vitro realizados mostraram a capacidade da ivermectina em impedir a replicação do vírus em culturas celulares. No entanto, as concentrações do fármaco necessárias para esse efeito foram cerca de 50 vezes maiores que a dose-padrão de tratamento (200mcg/kg), o que torna improvável sua eficácia em casos de covid-19 nas doses habituais.
Sendo assim, para combater o vírus in vivo no organismo humano de forma não conhecida e ineficaz, precisaríamos de uma overdose de ivermectina. Essa overdose poderia gerar importantes consequências no organismo humano, por exemplo depressão do sistema nervoso central.
Os resultados demonstram que o uso de ivermectina não esteve associado a melhores desfechos clínicos ou microbiológicos em pacientes com quadro de pneumonia por covid-19.
Com base nos estudos apontados, conclui-se que, apesar de estudos in vitro sinalizarem uma ação efetiva dos medicamentos citados contra o SARS-CoV-2, os dados de uso em humanos ainda são insuficientes, incertos e limitados, não tendo um perfil de segurança adequado, não existindo evidências clínicas satisfatórias que sustentem a recomendação desses medicamentos na infecção, justificados sob a retórica de uma pandemia provocada por um vírus recém descoberto e uma doença infecciosa pouco conhecida.