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Publicado em: 30 de janeiro de 2017

Cientistas discutem os limites da longevidade

O século XX viu rápidas melhorias na expectativa de vida, em grande parte por meio do enfrentamento, bem-sucedido, de doenças infecciosas, o que diminuiu significativamente a mortalidade infantil, em particular. O resultado foi uma extensão de cerca de 30 anos na esperança média de vida, relata Laura Blows, do portal PensionAge. Agora, no entanto, já não se trata mais de vencer as infecções para continuar estendendo a longevidade, a batalha tornou-se mais difícil, uma vez que o novo desafio é daqui para a frente superar os males associados ao próprio processo de envelhecimento. Se ganharmos também essa guerra o prêmio poderão ser várias décadas de vida a mais, mas não será uma vitória fácil de obter.

 
Aubrey de Grey, da SENS Research Foundation, pensa diferente. É um completo otimista. Grey afirma que seremos capazes no futuro razoavelmente próximo de “reparar” continuamente o dano que vem com a idade, por intermédio do “rejuvenescimento abrangente”, usando terapia com células-tronco. O maior potencial estará disponível para as pessoas de meia idade que usarem este avanço da medicina que está chegando, fornecendo 30 anos ou mais de vida saudável, através da reparação dos danos moleculares e celulares e, depois, usando a tecnologia novamente para estender suas vidas em mais 30 anos, e assim por diante.

 
“Você só precisa de tecnologia médica para melhorar a cada 20 ou mais anos, para se manter à frente do problema; uma estimativa extremamente modesta”, diz Grey.

 
Críticos irados – No entanto, as previsões de Grey produzem ira em seus pares. Por exemplo, falando ao Daily Express, em maio de 2016, Tilo Kunath, lider do grupo do Centre for Regenerative Medicine da University of Edinburgh, afirmou que Grey está “100 por cento errado”. Ele diz que nossos corpos não mudam facilmente e que possuem um “tique-taque” de relógio, disparando ordens para que as células comecem a morrer em uma determinada idade.

 
Já o professor Jay Olshansky, da University of Illinois School of Public Health, tem dúvidas sobre a possibilidade da longevidade poder continuar a melhorar indefinidamente. “Um grande número de doenças e distúrbios ocorrem em corpos mais velhos e os processos que as influenciam são atualmente imutáveis. Espero que isso não aconteça no futuro, mas é assim agora”, diz ele.
As empresas Aon Hewitt e Willis Towers Watson também notaram um recente aumento nos níveis de mortalidade. “As melhorias na mortalidade no Reino Unido foram muito inferiores ao esperado nos últimos cinco anos, com uma média de apenas 1% por ano para os homens, em comparação com 3% ao ano na primeira década deste século”, afirma Tim Gordon, o sócio responsável por longevidade da Aon Hewitt Risk Settlement Group.

 
Matthew Edwards, responsável por mortalidade e longevidade da Willis Towers Watson, observa que a especulação do mercado de que a alta mortalidade em 2015 foi em grande parte causada por uma vacinação ineficiente é, agora, vista como errada. “Com as mortes em 2016 sendo quase 7% acima dos níveis observados de 2011 a 2014, o ano passado parece menos que uma pausa rápida e mais como um ponto de inflexão”, diz ele.

 
Os resultados do programa de mortalidade chamado “PulseModel”, da Willis Towers Watson, indicam que as melhorias na longevidade serão mais baixas no futuro, com uma média de menos de 1 por cento na faixa etária de 55-65 anos, em contraste com os típicos atuais pressupostos de mais de 1,5 por cento de melhorias, anualmente.

 
Amanhã será diferente – Grey concorda que “há um limite para quanto tempo as pessoas podem viver com o arsenal que a medicina tem hoje, mas, quando formos capazes de reparar danos, isso vai mudar”. “O envelhecimento é muito simples”, diz Grey. “O metabolismo cria danos que se acumulam ao longo da vida e o nosso corpo está configurado para lidar com uma certa quantidade, mas eventualmente o dano excede esse limiar e, em seguida, os problemas desse dano emergem e progridem”. De acordo com Grey, este avanço na medicina teria muitas vantagens, como não ter mais câncer, doença cardíaca ou Alzheimer, para citar apenas algumas. Além disso, como os idosos não vão mais ficar doentes ou fracos por um longo período, eles serão capazes de continuar trabalhando e contribuindo para a riqueza da sociedade, diz ele.

 
Certamente há uma série de financiadores muito ricos, levando tudo isso a sério, especialmente as empresas gigantes de tecnologia.
Por exemplo, de acordo com um artigo do Guardian de 2015, o gerente de hedge funds do Vale do Silício, Joon Yun, ofereceu, no final de 2014, um prêmio de US $ 1 milhão desafiando os cientistas a “quebrar o código da vida”, aumentando a expectativa atual que é de 120 anos. Enquanto isso, em setembro de 2013, o Google anunciou a criação da CALICO, abreviação de California Life Company. Sua missão é reverter a biologia que controla o tempo de vida e “planejar intervenções que permitam às pessoas levarem vidas mais longas e saudáveis”.

 
“Agora, o que as pessoas pensam que vai acontecer no futuro importa muito para seguradoras e fundos de pensão, pois determina que tipo de produtos as pessoas estarão interessadas em comprar”, completa Grey. (Diário dos Fundos de Pensão-26.01.2017)