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Publicado em: 4 de abril de 2017

Custo médico-hospitalar pode encerrar 2016 com alta entre 18% a 20%

O índice Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH), produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), deve ter encerrado 2016 com alta entre 18% e 20% ao ano. Esse é o principal indicador usado pelo mercado de saúde como referência para mensurar os custos dos planos médico-hospitalares individuais e familiares. O cálculo utiliza os dados de uma amostra de mais de 1,5 milhão de beneficiários de planos individuais de operadoras com abrangência nacional e considera a frequência de utilização pelos beneficiários e o preço dos procedimentos.

O patamar persistente e superior a 15% nos últimos anos é extremamente preocupante e coloca em risco o sistema de saúde suplementar, segundo Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS. Segundo ele, são essas causas estruturais que devem ser prioritariamente atacadas caso se tenha o objetivo de conter de forma definitiva a alta variação do custo médico-hospitalar.

“Basicamente, a primeira causa decorre do sistema de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços de saúde no Brasil, que se assemelha a um ‘cheque em branco’. A chamada ‘conta aberta’, ou fee-for-service (termo em inglês). Nesse formato, a conta hospitalar absorve todos os custos, inclusive desperdícios e falhas assistenciais, como reinternações, por exemplo. Todos os insumos são adicionados à conta hospitalar e, dessa forma, os prestadores buscam o máximo consumo possível com o objetivo de obter a máxima remuneração, um desincentivo total à eficiência”, explica o executivo.

A outra causa é a falta de transparência do setor de saúde. “Não há transparência sobre os indicadores de qualidade assistencial nos serviços de saúde, como também não há na formação de preços e nas relações entre os atores da cadeia. Logo, não é possível saber se a precificação por um serviço é justa porque não há como comparar os diferentes prestadores.

O IESS identificou que, em diversos países, o VCMH supera a inflação média por conta do processo de adoção de novas tecnologias na saúde, mais caras do que as anteriores; e também por conta do ciclo de envelhecimento populacional, gerando maior demanda por serviços de saúde. Esses dois fatores também ocorrem no Brasil, mas as falhas estruturais do sistema brasileiro potencializam a alta de custos.

No Brasil, quase 2,5 milhões de pessoas deixaram os planos de saúde no período de 2014 a 2016 e, mesmo assim, os custos continuaram crescendo acima de dois dígitos.

“O Brasil precisa urgentemente promover uma reforma do sistema de saúde suplementar, o que deve envolver fortemente prestadores de serviço de saúde, distribuidores e fornecedores de materiais, equipamentos e medicamentos. Nem consumidores e nem empresas contratantes de plano de saúde têm condições de absorver reajustes de dois dígitos por longos períodos e nem as operadoras são capazes de arcar com essa escalada de custos. Ou o País avança na modernização dos modelos de pagamento por serviços de saúde e em uma agenda de transparência nessa área, ou o sistema corre o sério risco de se desmantelar em poucos anos”, alerta Carneiro.  (Boas Práticas)